quinta-feira, 12 de março de 2009

Não receies ...


Há instantes em que me sinto frágil, vulnerável,
capaz de ruir à mais leve e suave brisa…
ou até mesmo sem causa aparente…
Não tenhas medo pois
se, de súbito, uma lágrima despontar do meu olhar
ou um suspiro me arrancar o ar do peito
a ponto de desfalecer…
e não julgues que é por ti ou por mim
ou por qualquer outra razão,
porque pode ser por tudo e pode ser por nada,
pode simplesmente ser que aquela lágrima sentisse vontade de respirar
ou o suspiro soltasse uma amarra da alma
e deslizasse, veloz, peito afora, desfazendo nós pelo caminho,
libertando um pensamento aprisionado em cadeias de solidão…
Há pensamentos assim, presos, condicionados
que não sabem encontrar voz que os acompanhe
e lhes torne leve o peso que em si contêm…
há pensamentos que sofrem
e invadem de angústia os recantos de temor
que o sonho se esquece de preencher…
e há pensamentos que, tímidos,
se encolhem no seu canto com receio de se perder,
de se dar a entender,
porque nem sempre a voz os guia
na certeira direcção da sua inteira compreensão…
E há lágrimas que gritam, mudas,
toda a dor de um pensamento assim,
e tentam aliviar-lhe a dor sem compreender o seu tormento
porque as lágrimas não sofrem,
encontram sempre o caminho da sua própria libertação,
sem receios nem temores
e deslizam serenamente no rosto em que se passeiam...
há lágrimas que iluminam força na alma
em pequenas gotas límpidas
Não receies, então, a lágrima que em meu olhar apercebas
pois talvez aquela pequenina gota seja a nascente
que renova o rio da minha força por instantes enfraquecida...

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